Entrevista com a banda Rockassetes
Imagine uma banda que sai de Aracaju/SE para morar em São Paulo, e conquista a notoriedade nacional antes mesmo de lançar um CD, pois é, parece até roteiro de filme “style” The Wonders, mas eles acabaram de rodar boa parte do país com a recente turnê Fora de Órbita. A banda Rockassetes foi capa da ultima Decibélica, acabou de gravar o MTV Banda Antes e o seu EP Sistema Nervoso, foi um dos 10 melhores EPs de 2005 pela revista virtual SenhorF. Em entrevista para o BusZine, Bruno Mattos (vocal/guitarra) fala dos anseios da banda em morar fora de Sergipe, as percepções da turnê, relação com a imprensa, e o CD, que será lançado em março. Os outros dois astronautas dessa viagem são João Melo (baixo / violões) e Léo Mattos (bateria / vocais).
BUSZINE: Como vocês se conheceram e decidiram se juntar pra formar uma banda?
BRUNO: Isso foi em 2000, no comecinho, eu e Leo já tocávamos em casa ensaiando e na esperança de encontrar um baixista. Tocávamos ainda com um antigo membro da banda, o Rodrigo, que fazia a segunda guitarra, hoje cuida da arte gráfica da banda (capas de EP, disco, etc..). Através do Rodrigo conhecemos o João, os dois estudavam na mesma sala no colégio.Chegamos a tocar antes mesmo da entrada do João, com a formação de 2 guitarras e a bateria, mas não posso dizer que isso foi o começo da banda, foram coisas esporádicas, de fato só com a entrada de João e a vitória no festival Novo Canto é que fomos levar a coisa a sério.
BUSZINE: Como é a cena no Nordeste, tem como uma banda viver de Rock “sessentão” por lá?
BRUNO: Vou me limitar a falar da cena de Sergipe, e é bem complicado. Temos excelentes bandas, mas não tem espaço, faltam casas de show para esse público e pessoas dispostas a fazer acontecer. O que sempre aconteceu foi de os próprios músicos correrem atrás e produzirem seus shows, mas isso é desgastante e não é o que mantém a cena, é preciso sim que tenham pessoas voltadas especificamente para a produção. Quanto a viver de Rock “sessentão”, bem, não consideramos nosso rock “sessentão”, temos um pé fincando nos anos 60, mas mãos e braços em rock dos anos 70,90 e até 2000, mas viver de Rock em geral não é fácil, porém ficar reclamando só acaba enchendo o saco! Se estivéssemos tão descontentes assim já teríamos o abandonado, hehehe!
BUSZINE: Como é o relacionamento entre vocês, as brigas são sempre?
BRUNO: O relacionamento é excelente se você comparar as outras bandas que nem vivem juntos e arrebentam uns aos outros. Como moramos juntos é inevitável que aconteçam brigas de vez em quando, mas tentamos não trazer isso pra banda.
BUSZINE: Acaso tem algum que tem outra influência, algo como gostar de “Kelly Key” e querer que entre no repertório?
BRUNO: (risos) Isso definitivamente não.
BUSZINE: Vocês acham que o Sadam Hussein vai morrer na forca mesmo?
BRUNO: Não sei se será esse o fim dele, talvez queiram deixá-lo apodrecendo na cadeia eternamente, mas creio que o Bush poderia ser seu companheiro de cela, não seria má idéia hein?
BUSZINE: Como foi a idéia da Turnê Fora de Órbita?
BRUNO: Essa idéia já vinha sendo discutida desde o começo do ano, mas estávamos amadurecendo o cronograma e especialmente os contatos, depois do festival Calango, até por uma maior visibilidade, começamos a por em prática.
BUSZINE: Quem agenciou os contatos?
BRUNO: João e Leo ficaram encarregados dessa parte.
BUSZINE: A receptividade da galera nos shows foi boa?
BRUNO: A receptividade foi excelente! Falo isso com relação ao público e às bandas que nos recepcionaram, fizemos ótimas farras e amizades! Os showS foram cheios e divertidos e os que não estavam cheios foram no mínimo calorosos!!!
BUSZINE: Quem bancou a turnê, saiu tudo do bolso da banda?
BRUNO: Não. Se tivéssemos que bancar os custos seria impossível viabilizar a turnê. Cada cidade se responsabilizou por um trecho das passagens e estadia. Alguns acordos variaram com relação a cachê, mas basicamente foi assim.
BUSZINE: O que rolou nos shows, teve coisas inusitada, engraçada, triste...?
BRUNO: Algumas estórias vão ficar só nos bastidores (gargalhadas), mas podemos garantir que nos divertimos muito! Mesmo as partes mais cansativas como ficar pra cima e pra baixo carregando uma pilha de coisas como instrumentos e mochilas foram engraçadas. Acho que somos o trio que mais levou coisas em viagem, era um sufoco nas rodoviárias e quando pegávamos um carro pequeno pra nos levar em casa, sempre aquele aperto, mas tudo isso contribui para boas farras também!
BUSZINE: Dando uma geral nos estados que a banda percorreu, como vocês analisam a cena alternativa/independente nas cidades? (e pra fazer uma maldade, qual foi a melhor?)
BRUNO: Algumas cidades, sem dúvida, estão muito a frente de outras com relação a consumo de música independente, estão fazendo acontecer e cativando cada vez mais um número maior de pessoas e pessoas mais jovens o que é interessante de se ver, porque percebe-se que existe uma reciclagem e que a coisa não vai morrer por ali. Quanto a melhor cidade, é difícil responder por que como eu disse na pergunta anterior, mesmo as cidades onde o público foi menor, os shows foram bem calorosos. Se considerarmos bons shows com grande número de pessoas, creio que Goiânia e Brasília.
BUSZINE: É verdade que uma das grandes influências da banda é o The Wonders, do filme, The Wonders, o sonho não acabou?
BRUNO: Sim. Não é mais o que nos influencia diretamente hoje, mas foi o que me fez querer montar uma banda, antes mesmo de pegar uma guitarra pela primeira vez.
BUSZINE: Qual foi a sensação de tocar no Festival Calango desse ano, a galera respondeu as expectativas?
BRUNO: Com certeza! Fomos os primeiros da noite e do festival por isso pegamos um publico escasso, porém animado e demos a sorte de ter toda a mídia daquele dia esperando pela “primeira” banda, fosse ela quem fosse, isso nos rendeu comentários (ótimos por sinal) em quase 100% das resenhas sobre o Calango na mídia.
BUSZINE: Pelo pouco que vocês viram, o que achou da cena mato-grossense?
BRUNO: Tem muita banda que promete !!! A cena é organizadíssima, culpa do Espaço Cubo que administra muito bem isso. As bandas de lá obviamente saem ganhando, pois conseguem se expor mais e encontram meios e recursos pra continuar produzindo.
BUSZINE: Dia 11/11 a banda gravou o MTV Banda Antes, como rolou o convite pra vocês participarem?
BRUNO: Isso já vem sendo cogitado faz um tempo, fomos no Banda Antes uma vez participar do quadro 20 segundos, e depois tocamos na festa do VMB desse ano com direito a vinheta na programação e tudo. Daí, o programa já seria um próximo passo. As coisas parecem acontecer da noite pro dia mas não é bem assim..
BUSZINE: E o novo CD, sai quando?
BRUNO: A Previsão é março do ano que vem, já começamos a gravá-lo inclusive.
BUSZINE: Já tem nome definido, quantas musicas, já tem como adiantar alguma coisa?
BRUNO: Dá pra adiantar que serão 13 faixas, algumas músicas já gravadas e lançadas e outras apenas executadas em shows, mas o nome ainda não está definido.
BUSZINE: A banda tem CD-Demo, EP e singles, talvez não role uma junção dessas musicas não é mesmo?
BRUNO: Boa parte dessas músicas entrarão no disco, mas não haverá uma “junção” propriamente porque re-gravaremos todas elas, novos arranjos e timbres.
BUSZINE: Recentemente vocês participaram do concurso da Revista Capricho e saíram na capa da Decibélica. O que tão achando disso tudo? Vocês sentem a diferença no palco, ou até mesmo na forma que a galera trata a banda?
BRUNO: Dá pra se notar uma diferença sim. Creio que passem a confiar mais e prestar mais atenção no seu trabalho e isso por outro lado nos dá mais confiança em palco o que melhora o desempenho da banda em shows.Todo mundo gosta de ser reconhecido e respeitado, e isso começa a acontecer aos pouquinhos quando se consegue um destaque maior em algum meio especializado.
BUSZINE: Faz algum tempo vocês moram e São Paulo, como foi o lance de morar fora do estado “natal”? A família não reclamou?
BRUNO: Reclamam por saudades, mas não temos do que nos queixar, não estaríamos aqui se não fosse o apoio deles, e isso falo financeiro e emocionalmente. Nossos pais sempre nos apoiaram e ajudaram no que era possível pra eles e o fazem até hoje!
BUSZINE: Considerações finais?
BRUNO: Se você chegou até aqui, muito obrigado pela paciência e principalmente pelo interesse com a banda e o nosso trabalho!
Dewis Caldas
Dewismaycon@hotmail.com
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