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quinta-feira, janeiro 25, 2007

A Banda Cover e a Cadeia produtiva!

Por Pablo Capilé


Muito tem se falado ultimamente sobre o papel da banda cover na nossa cadeia produtiva, e iniciarei aqui algumas leituras que possam elucidar os participantes deste debate, a começar pelas palavras da promoter do Bar do Neuro, Elaine Santos, que recentemente teceu alguns comentários sobre esse assunto nos coments no HellCity, um dos blogs da VOLUME, alguns pontos:

Elaine disse que todas as bandas que são realidade hoje em dia começaram tocando cover e que só quem nasceu em berço de ouro ou conta com patrocínios não conhece essa realidade. Então pra começar vamos falar dessas bandas que hoje já são realidade no nosso cenário, entendendo por realidade aquelas bandas que estão gravando seu material, contam com um publico que canta suas musicas, que estão rodando o país e colocando a cara para as mídias especializadas, que já conseguem apoio da iniciativa privada e do poder publico e etc....

- Vanguart: O Vanguart começou a alguns anos atrás com o Helio Flanders já fazendo músicas próprias e gravando-as no “El Gordo Studios” um estúdio caseiro do Reginaldo Lincoln que a época era vocalista e guitarrista do Deefor e hoje é baixista da referida banda. Nesse começo o Helio e o Reginaldo gravaram dois CDs e lançaram virtualmente, com muitas musicas que fazem parte do repertorio da banda até hoje. Nesse meio tempo Helio foi pra Bolívia e quando voltou de lá retomou o Vanguart e começou a se apresentar nos eventos, com um set list predominante de músicas próprias e poucos covers dos Beatles e Bob Dylan. Ou seja, mesmo com pouca idade os músicos da banda já começaram seus trabalhos na perspectiva autoral, e estão hoje colhendo os frutos que plantaram, sendo literalmente essa REALIDADE a que a Elaine se refere. E não saem de casa hoje sem passagens pagas e cachê de 1000 reais, e aqui em Cuiabá já conseguiu estabelecer um padrão de cachê também que já possibilita a auto-gestão da banda.

- Macaco Bong: O Macaco Bong já nasceu derivado de uma outra banda que priorizava a musica própria como a base de suas apresentações, o Donalua, que contava com uma maioria esmagadora de musicas próprias em seu set list e pouquíssimos covers. O Macaco, por exemplo, só teve um cover até hoje em seu set List que foi Jeremy do Pearl Jam, que tocaram no Maximo três vezes, todas as outras musicas sempre foram autorais. E também estão colhendo o que plantaram, rodando o país, e mais incrível, sendo altamente reconhecidos no circuito indie mesmo tocando musica instrumental que possui uma dificuldade maior de inserção. O Macaco Bong é outra realidade da cena Cuiabana.

- Revoltz: Desde o começo da banda uma das frases mais faladas pelo Ricardo Kudla era: Só tocamos Músicas próprias. Não me lembro até hoje de vê-lo tocando um cover sequer, sempre na busca pela identidade autoral e pela difusão das suas composições. Também estão colhendo o que plantaram. Gravando CD, assinando com selo, recebo cachê, fazendo turnê, e cada vez mais estável em São Paulo.

- Fuzzly: A mesma coisa, desde a época do Noise Jam os caras já priorizavam a musica própria, e quando virou Fuzzly então, sempre prevaleceu no set list a produção autoral. E Hoje, são uma realidade do underground nacional, com turnês internacionais, disco gravado, propostas de selos, etc...

- Lord Crossroad: Uma das bandas mais queridas da capital e com público mais fiel. Sempre apostou na Música Própria e também tem colhido os frutos disso tudo. Iniciando em 2007 sua caminhada pelo circuito nacional se apresentando em Goiânia já no Carnaval.

Além destas 5 é difícil analisar outras bandas que realmente já são uma realidade consolidada em nossa cena autoral, e por isso a Elaine já começa se equivocando, já que deturpa os fatos de forma conveniente aos seus interesses, já que NENHUMA das REALIDADES da cena basearam seu set list em covers.

Mas se a Elaine esta citando a Hátores, o Kayamaré, o Mano joe como realidades ai é outra historia, podem até ser realidades da cadeia produtiva da musica, mas não são realidades da cena autoral, e acho que é ai que a Elaine perde o foco, no momento que ela não sabe diferenciar essas realidades. Mandala Soul e Cachorro Grande estão muito próximos da realidade de Hátores e Mano Joe, E É ISSO QUE PRECISA FICAR CLARO.

Não adianta anunciar que o Mandala Soul ou o Cachorro doido estão começando a produzir musicas próprias e bla bla bla sendo que o caminho que a banda toma é muito parecido com a de Hátores e Mano Joe, que também anunciaram suas produções próprias mas nunca abandonara o ciclo vicioso da banda de bar que toca cover. Mano Joe e Hatores tem até Cd Gravado só com músicas próprias, e é fato que nenhuma destas participa da cena autoral.

Ou seja, no fim das contas tanto Cachorro Doido como Mandala Soul vão tocar 5 musicas próprias no seu set lis e 20 covers, e vão se perpetuar nessa eternamente, já que participar do Circuito Autoral é também participar do Mercado Autoral, participar destas estratégias, e trabalhar a distribuição, a circulação, a divulgação e também o consumo. E cá pra nós, Mandala Soul e Cachorro Doido estão completamente descontextualizados dentro desse mercado e não mostram nenhum indicio de entrada ou aproximação dele.

Vamos exemplificar: Cachorro Doido vai e compõe musicas próprias, ai vai e toca pro publico da cidade, ai esse publico gosta daquelas musicas, ai eles gravam CD, e prensam aquelas mesmas mil copias que Hátores , Mano Joe e Kayamaré prensaram, ..Ai coloca uma matéria na folha do estado, tenta veicular a musica na radio cidade e no programa do Fabinho. Pronto.

Qual o Resultado disso? O mesmo das outras bandas citadas!

1- Dezenas de CDs encaixotados com pouquíssimas vendas, já que o publico consumidor foi pessimamente trabalhado, em um plano de mídia amador que se pauta apenas em Palco + matérias apadrinhadas em jornais + Musicas uma vez ou outra na radio.

2- Desperdício de Verba publica ou pessoal já que a péssima distribuição não possibilitará essa difusão.

3- Um pseudo discursso de produção de musica autoral que na pratica se mostra extremamente ineficaz e descontextualizado.

4- Vendas somente em lojas de CD de shopings como Cd Player, City Lar e etc, sempre em espaços dificílimos de se visualizar.

Pra vocês terem uma idéia, quando o Kayamaré lançou o Cd deles, fui em algumas lojas onde o Cd estava a disposição e questionei o atendente sobre as vendas do Cd da banda, e para minha surpresa ele disse: TA VENDENDO MUITO BEM.

Embascado e sem acreditar, me refiz e perguntei novamente: O que seria esse muito bem? E ele me disse: TODO MÊS SAI PELO MENOS DOIS!

Intrigado, sai da loja e fui fazer as contas: Se eles vendem 2 cds por mês, vendem também 24 CDs por ano. Se as outras duas lojas que também estavam vendendo o Cd tivessem a mesma media os caras venderiam 72 Cds por ano. Ou seja, os mil que foram feitos demorariam pelo menos 10 anos para serem completamente vendidos.

Qual a conclusão disso?

O Cd á nasce morto. Já nasce pensando pequeno, pois a estratégia é de mesa de bar, a estratégia é amadora, a estratégia esta baseada em pilares extremamente viciados e falidos.

E quais as conseqüências desse amadorismo?

Não vão viver nunca da musica própria já que não vão conseguir difundi-la e vão se perpetuar tocando covers em bares alegando que precisam dessa grana para sobreviver. Então, se pensarmos friamente, talvez os caras são tão amadores até para poder se manter nesse ciclo vicioso e confortável do cover.

Não estou dizendo aqui que é proibido basear seu set list em covers, e sim que é preciso diferenciar esses nichos para conseguirmos ler tudo isso de uma maneira mais clara. Estamos dentro da mesma cadeia produtiva, mas os interesses são antagônicos e muitas vezes vão se chocar. E quanto mais as bandas autorais se organizarem mais conseguiram lutar para garantir seus espaços em detrimento destes Lobos em pele de cordeiros!

Amanha falarei sobre como o Vanguart de ontem se transformou no Vanguart de Hoje, mostrando assim o que seria esse tão dito circuito autoral que possui estratégias antagônicas as utilizadas pelas bandas cover, e por que o Before Vallegrand só precisou de um ano para vender as mil copias que o Kayamaré demoraria quase 10 para vender.

Abraços!

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