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quinta-feira, março 29, 2007

A nave In the Flesh: de Cuiabá ao Pink Floyd

Por Dewis Caldas
Volume Comunicação

Nem lembro desde quando gosto do Pink Floyd, ao que me recordo, me vejo com 15 anos em casa, deitado na cama ouvindo Shine On You Crazy Diamond, que confesso, já a escutei 9 vezes em seguida, mesmo com seus 13 min, pequenas confissões de fanático mesmo. Quando soube do show The Dark Side of The Moon, do Roger Waters, o ex-vocalista e baixista e principal mentor da banda, ainda em agosto do ano passado, já me vi na oportunidade de ver, pelo menos, um resquício do que foi a grandiosidade progressiva ao vivo.

Saí de Cuiabá junto de dois amigos, Breno e João, que também não poderiam perder esse espetáculo por nada. Nós três formamos a nave psicodélica In The Flesh!! Em busca do negro da lua, parafraseando o disco, de 1973, que recebeu também o nome do show.

Logo na chegada do Morumbi, ainda bem no começo da tarde, já vi as grandes filas formadas, justificando os ingressos esgotados ainda em fevereiro. Como tinha o credenciamento de imprensa, fui à sala dos jornalistas, que fica na cabine de rádio, de trás de um enorme vidro, então pensei comigo: Esperei tanto tempo para ver um show de um dos floydes e agora vou ver tudo de trás de um vidro? Chamei o Cid, jornalista da Editora Abril (que ali representava a Revista Veja, e que eu tinha conhecido na fila pra entrar no estádio), e formos em direção ao gramado, conversamos com os segurança e depois de muita embromação fomos liberados. No gramado, onde ficam as cadeiras, conseguimos um lugar bem perto da “frente”, onde se podia ver o show de um belíssimo ângulo. Quando olhei em volta, vi todo o estádio lotado, ali mesmo, já fiquei com o suor frio, 45 mil pessoas com um sonho em comum, que seria realizado em pouco tempo. É uma visão forte demais para um pequeno floydiano como eu.

Às 21h, todas as luzes se apagam, é quando o senhor de 64 anos e sua banda de caras que também já passaram dos 40, entram no palco. A multidão se cobre de flashs e gritos, clima totalmente favorável para a primeira música, in the flesh, a primeira música do antológico The Wall, de 1979, talvez o álbum mais conhecido da banda. Quando termina, Waters pega o violão e soa os primeiros acordes de Mother, com Kate Kisoon no vocal, eu só ouvia a arquibancada cantando aquela canção, que falava de uma criança com medo da guerra, e das incertezas de acreditar no governo. E depois vêm Set The Controls For The Heart Of The Sun, a música mais antiga do repertório, gravada em 68. Ainda na euforia das primeiras sensações do público, Waters manda três músicas do Álbum de 1975, Wish You Were Here, dedicado à Syd Barret, ex-fundador e líder da banda, que faleceu em junho do ano passado, por complicações de diabetes. No meio da Shine On You Crazy Diamond, aparece no telão a foto de Syd, olhei pro lado e pude ver pessoas caindo em lágrimas, foi difícil segurar meu choro, que já estava explodindo. Logo após de Have a Cigar, entra o antológico riff de Wish You Were Here, que recebe o mesmo nome do disco. O reconhecimento paternal que a música nos proporcionou foi imediato.

Water agora entra no último disco do Pink Floyd com a liderança dele, The final Cut (1983), que tem toda a base do The Wall que, por ser autobiográfico, desvenda a presença dos conflitos pessoais gerados pelo surgimento da 2º grande guerra. Pra quem não sabe, Roger perdeu seu pai em 1943 no campo de batalha travado em Normandia, no noroeste da França, quando ele ainda estava na barriga da mãe, isso trouxe ao cantor ausências que futuramente serviram de bases para quase todas as composições do Pink Floyd. E de sua posição política quanto à guerra. NO momento em que tocou The Fletcher Memorial Home (Fletcher foi o nome do seu pai), no telão mostrou a foto de um soldado com uma faca travada nas costas, com gesto de traição. E logo depois um quarto com fotos de ditadores e políticos pendurados numa parede, dentre as fotos que apareceram estão Osama Bin Laden, Sadam Hussein, Hitler e George Bush, seguidos de frases “arrebatadoras” como "A morte é a solução de todos os problemas. Sem Homens, Sem Problemas". Daí em diante, Waters aproveita todo o transe político e aproveita para continuar o protesto apresentando suas duas músicas solo, a primeira são as duas partes de Perfect Sense, do disco Amused to Death, de 1992. E de 2004, Leaving Beirut, um single que foi lançado somente pela internet resultado de uma experiência em Beirut, capital do Líbano, que ele visitou quando tinha 17 anos. Uma viagem que o tocou profundamente, o cantor fez questão de contar essa historia quando estava no palco.

Para completar e finalizar a primeira parte do show, o set list acaba com Sheep, do Álbum Animals que foi lançado em 1977 e que fala sobre as pessoas que andam inocentemente sem querer ver o real perigo que cerca o mundo, que agem como ovelhas (Sheep, em inglês). No disco original tem um porco inflável na capa, e Waters usou essa idéia novamente para a turnê, sempre lançando o porco voador com frases escritas nele, e quase sempre, frases de protesto, sempre de acordo com o andamento social, econômico e político do país. Aqui no Brasil, muito se especulava do que seria escrito, o que virou grupo de discussão em rodas políticas por aí. Mas quando o porco sai voando, se podia ver em letras maiúsculas – “O Brasil está sendo vendido” – “Bush, nós não estamos à venda”, – fazendo uma alusão a visita do presidente americano. “Ei, assassinos, deixem nossas crianças em paz”, lembrando o assassinato do garoto João Hélio, que foi arrastado por 7km por ladrões, preso no cinto de segurança. “Nós não precisamos de educação”, também lembrando o The Wall.

Depois de uma breve pausa de 15 mim, tudo volta, e agora é a parte do disco inteiro tocar. Pra você ter uma idéia, The Dark Dide of The Moon, lançado em 1973, ficou 724 semanas na parada dos E.U.A , vendeu mais de 30 milhões de cópias, e hoje, já cativa e forma sua terceira geração de seguidores. No inicio, Speak to me, uma batida no coração, a pulsação vai se alastrando pelo estádio, dando todo o clima para Breath, cantado pelo guitarrista David Kilminster. Cantada por ele é estranho, claro que você fica com ciúmes do cara cantar no lugar do David Gilmour, mas logo vê, que quem dá o aval é o Waters, então deixa essa passar até chegar à primeira instrumental. On The Run mostrou que uma viagem psicodélica se faz também com sons e imagens, no telão, ora aparecia um carro de fórmula 1, ora aparecia um metrô, os dois em altíssima velocidade. O espetáculo sobre a música prendeu todo mundo. Depois da tensão causada, logo vêm a famosa introdução de Time, que alimenta a expectativa de qualquer um, numa preparação dos primeiros versos, essa foi uma daquelas músicas que o cara levanta gritando com o braço esticado. Quase chorando.

Daí em diante, se vê só os clássicos, primeiro The Great Gig in The Sky, umas das imortais do disco, que no disco é cantada por Clarie Tory. Quem conhece a música, sabe que ela não é uma canção que você vê ao vivo, é quase impossível imitar aquele vocal. E isso causou desconfiança de quem iria cantar, e quando Carol Kenyon pega o microfone e vai nos primeiros compassos, o êxtase foi plural, só indo no youtube mesmo pra saber o que foi aquilo. Da li em diante, vêm Money, que acendeu todos os ânimos de uma vez, nesse momento, percebi que a banda tinha – finalmente - cumprido seu papel, como se eles dissessem: - Pronto, missão cumprida. Vi muitos senhores de 60 anos chorarem na introdução de Us and Then. Propício à apaixonante Any Colour You Like, quebrando a doce e sublime Brain Damage, uma das músicas que mais esperei antes do show, e que fechou na explosiva Eclipse, que – desculpe o clichê cklichdo na explosiva Eclipse, que - desculpe yuçda tinha cumprido seu papel, como se eles dissessem: - Pronto. - abaixou as cortinas com chave de ouro. Eu decorei o Dark Side com 17 anos, sabia de toda a estrutura do disco, até os solos, mas ver ao vivo, me deu a emoção da primeira vez que o ouvi, uma sensação que ainda não consigo explicar, e acho que mesmo quando tiver 70 anos, ainda não vou conseguir.

Daí então, Waters diz obrigado, e sai dando o seu tradicional tchau, claro que sabíamos que ele voltaria, mas qual o artista que não gosta de voltar vendo seus fãns pedindo mais? Ele demora 2 minutos e volta, com a banda toda e diz: - OK!! Tira do bolso um bilhete e lê (em português), a apresentação do coral do projeto Guri, que trabalha na inclusão social de crianças de baixa renda. Elas entram para cantar Another Brick in the Wall, a música que não poderia faltar. Na camisa de todos eles têm escrito “O medo constrói muralhas”, mais uma crítica à guerra de Bush.

Ele começa com The Happiest Days of Our Lives, mais uma do The Wall, que na minha opinião, é a mais criativa em um curto espaço de tempo, criado pelo Pink Floyd. Quando ele canta “we don’t need to education” o estádio se treme, logo porque essa é a musica mais conhecida do Floyd no mundo todo, até aqueles que nem sabe quem é a banda, sabem pelo menos, solfejar a canção. Logo depois, lentamente, ele começa Vera, uma das músicas mais belas e profundas que já foi feita, claro que isso é na minha opinião, quem nunca a ouviu, aconselho não demorar muito, e veja a seqüência Bring the Boys Back Home, que também foi tocada lá, foi completamente excitante, lembrei do filme The Wall, quem é uma cena tão enigmática quanto o quarto no espaço do filme 2001, uma odisséia no espaço. Tudo muito prazeroso.

Para terminar, lá vem a última música, que é a mais pedida nos barzinhos pelo país. Comfortably Nunb e seu incrível solo, na hora do refrão, novamente não vi o Waters cantando, pelo tamanhos gritos que seguiam. Foi uma das experiências mais marcantes da minha vida, como digo, as três horas mais confortáveis que passei, tudo isso, me levando aos mais variados sentimentos. De lá, me lembrei de cada momento da minha infância, adolescência e juventude, tudo com o som cru da maior banda que já vi na minha vida. Excepcional.
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